As luzes de Virginia Woolf




Muito se fala e bastante também se redige sobre a melancolia na obra de Virginia Woolf, esquecendo-se de mencionar que VW também era capaz de escrever de um jeito bem humorado. Exemplos dessa escrita luminosa de Woolf podem facilmente ser encontrados em Flush, memórias de um cão (título original: Flush), publicado em outubro de 1933. 







Virginia se inspirou na correspondência entre os poetas Robert Browning (1812-1889) e Elizabeth Barret (1806-1861). As missivas fizeram Woolf se apaixonar pelo Cocker Spaniel. Jornalista que foi, VW começa a obra com um breve relato histórico a origem da raça canina. Em carta à amiga Ottoline Morrel, a autora contou que "Flush é apenas uma brincadeira. Eu estava tão cansada após As Ondas que deitei no jardim e li as cartas de amor dos Brownings, e a imagem do cachorro deles me fez rir tanto que não pude deixar de dar-lhe vida". 

Olha só um trecho do saboroso Flush, Memórias de um Cão

"Quando se sai de Wimpole Street e se entra em Oxford Street, uma prece enche o coração e sai dos lábios como uma súplica, para que nenhum tipo de tijolo de Wimpole Street seja deslocado, que nenhuma cortina seja lavada, que nenhum açougueiro deixe de oferecer seus tenros bifes e nenhuma cozinheira deixe de receber sua maminha, seu pernil, seu peito, suas costelas de cordeiro e seu filé para todo o sempre, porque, enquanto Wimpole Street continuar lá, a existência da civilização estará garantida."

Woolf, Virginia: Flush, memórias de um cão, coleção L&PM Pocket, vol. 251, Porto Alegre, 2003.

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