Pode-se aplicar a muitas coisas






| A surpresa de ver que o pintor começa por não recear inclusive a simetria.  É preciso experiência ou coragem para revalorizá-la, quando facilmente se pode imitar o "falso assimétrico", uma das originalidades mais comuns. A simetria é concentrada, conseguida. Mas não dogmática. É também hesitante, como a dos que passaram pela esperança de que duas assimetrias encontrar-se-ão na simetria. Esta como solução terceira: a síntese. Daí talvez o ar despojado, a delicadeza de coisa vivida e depois revivida, e não um certo arrojo dos que não sabem. Não é propriamente tranquilidade o que está ali. Há uma dura luta de coisa que apesar de corroída se mantém de pé, e nas cores mais densas há uma lividez daquilo que mesmo torto está de pé. |

= LISPECTOR, Clarice. Para Não Esquecer, p. 5, Editora Siciliano, São Paulo, 1992

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